Antibióticos no Leite: por que é preocupante e como evitar | Cap-Lab
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Entenda por que devemos nos preocupar com a presença de antibióticos no leite

07 de fevereiro de 2022

A descoberta dos antimicrobianos é, sem dúvida, um dos maiores marcos da medicina moderna. A pecuária do leite, por exemplo, faz uso desses remédios para tratar o gado. E, embora vital, esse uso torna possível a presença de antibióticos no leite.

Mas afinal, por que isso seria um problema? Antes, uma infecção que hoje é vista como “simples” era considerada uma sentença de morte. Se algo faz tão bem, como pode fazer tão mal ao mesmo tempo?

Seja como for, esta é a linha de pensamento que trazemos neste artigo. Quais são as consequências do alto consumo de antibióticos? Como eles vão parar no leite? E, por fim, como identificá-los? Confira as respostas neste texto!

 

 

Por que pode haver presença de antibióticos no leite cru?

Assim como qualquer ser vivo, as vacas que fazem parte do gado de leite podem contrair doenças causadas por microrganismos.

Os animais podem se infectar nos pastos, não só através de insetos hospedeiros, bem como a partir do contato com os ordenhadores. A contaminação também pode ocorrer através dos instrumentos de extração do leite.

Muitas dessas doenças são tratadas com o uso de antibióticos. A ação deles elimina a bactéria e a infecção que ela causa, recuperando assim a saúde do animal e assegurando a sua participação na produção do leite.

Então, para fazer efeito, o medicamento é absorvido pelo sangue do animal em tratamento. Só que, mesmo quando a vaca está saudável, leva um tempo até que o antibiótico seja eliminado do organismo.

É aqui, por fim, que o problema começa: o produtor tem as projeções da quantidade de leite que consegue extrair por cabeça de gado. Os restos de antibióticos, no entanto, estão por todo o organismo das vacas tratadas. Eles são eliminados naturalmente, aos poucos. Inclusive no leite.

 

O que o consumo de leite com antibióticos pode causar às pessoas?

 

Desequilíbrio da microbiota intestinal

A microbiota intestinal é feita de microrganismos, que são responsáveis pela manutenção do tecido desse órgão. Só que os antibióticos não fazem distinção entre as bactérias boas e as ruins, então atacam até as que são naturais e regulam o nosso organismo.

Como resultado, o alto consumo de antibióticos afeta o bem estar da nossa flora. Os sintomas comuns de uma microbiota desequilibrada são:

  • náuseas;
  • vômitos;
  • diarreia;
  • fadiga;
  • mudanças constantes de humor.

 

Hipersensibilidade a medicamentos

Os antibióticos geram efeitos intensos para estimular a produção de anticorpos. Às vezes, o alto número de anticorpos faz nosso organismo reagir a outros medicamentos semelhantes.

Quem faz um tratamento com Penicilina, por exemplo, pode ter reações ao usar Cefalosporina. São remédios com estruturas similares, o que gera uma reação cruzada.

Desse modo, um consumidor de leite com restos de antibióticos pode ter problemas ao tratar uma doença com remédios de composição parecida, o que afeta a sua saúde e dificulta o processo de cura.

O choque anafilático é a mais grave das reações causadas. Seus sintomas podem começar em segundos, ou poucas horas depois de tomar o remédio. Isso inclui:

  • pulsação rápida;
  • vômitos;
  • dificuldade de respiração;
  • risco de parada cardíaca.

 

Teratogenia

Um dos problemas mais sérios causados pelo alto consumo de antibióticos, é a malformação de bebês dentro do útero da mãe. Às vezes, alguns dos medicamentos utilizados pela produção de leite possuem agentes teratogênicos em sua composição.

Entre os antibióticos mais encontrados no leite produzido no Brasil, os que são perigosos para a saúde do feto em formação são as Fluoroquinolonas, as Sulfonamidas e as Tetraciclinas.

 

Resistência microbiana

Eleita pela OMS como uma das 10 maiores ameaças a saúde pública mundial, a resistência microbiana é o resultado do uso sem controle de remédios para combater os microrganismos que causam doenças.

Só para ilustrar: o primeiro antibiótico, a Penicilina, foi descoberto em 1928. Como já era de se esperar, isso causou uma revolução nunca vista antes na Medicina. O mundo inteiro passou a usar antimicrobianos para tratar doenças, não apenas em humanos como também em animais. Como resultado, os microrganismos já estão mais fortes contra os seus efeitos.

Do mesmo modo, em 2015 na China, encontraram uma bactéria E. Coli resistente a Colistina em um porco que seria abatido para o consumo. Ela tinha em seu DNA um gene chamado MCR-1, que dá as bactérias uma alta resistência ao antibiótico.

Isso acendeu um alerta na comunidade médica e científica. Após estudos, foi constatado que as bactérias com o MCR-1 se desenvolveram em animais e foram transmitidas para os humanos. Ainda não é certeza, mas é grande a possibilidade dessa transferência ter ocorrido por causa do consumo de alimentos de origem animal que estavam contaminados.

 

O que a pecuária tem a ver com a resistência microbiana?

O fenômeno dos microrganismos resistentes não é uma novidade: os cientistas sempre esperaram que eles sofressem mutações por causa dos antibióticos. A bactéria Staphylococcus aureus, por exemplo, criou resistência à Penicilina depois da Segunda Guerra Mundial.

O problema é que há cada vez mais patogênicos resistentes, e menos antibióticos para usar. Em outras palavras, a ciência farmacêutica não consegue acompanhar a rapidez da evolução e difusão dos microrganismos.

O uso sem controle dos antibióticos na pecuária, bem como a do leite, está ligado ao aumento da resistência microbiana em todo o mundo. No entanto, apenas 25% dos países tem leis contra isso em vigor. O Brasil é um deles, mas ainda é preciso melhorar os métodos de análises de risco, assim como o recolhimento dos dados.

Em 2021, o MAPA criou o Programa de Vigilância e Monitoramento da Resistência aos Antimicrobianos no Âmbito da Pecuária. A ideia é avaliar os riscos, as tendências e os padrões para embasar políticas públicas e combater o problema.

 

Como evitar a presença de antibióticos no leite?

A responsabilidade sobre a presença de antibióticos no leite é de toda a cadeia produtiva, principalmente dos veterinários e dos donos da produção.

Ao veterinário cabe, em primeiro lugar, prescrever a dosagem certa para cada animal e doença. Também deve reforçar quais são os períodos de carência que devem ser obedecidos. Vale lembrar que o envio de leite de vacas em tratamento para a indústria é proibido pelo MAPA.

Da mesma forma, o proprietário do gado deve prezar pela qualidade da matéria-prima. Isso evita o descarte do leite, caso encontrem restos de antibióticos em algum dos testes realizados na indústria.

O cuidado com as vacas também traz impactos positivos na qualidade do leite. Portanto, quanto mais bem tratada está a fêmea, mais nutrientes o seu leite terá.

Além disso, fazer a capacitação dos ordenhadores também é uma boa medida. Basta orientá-los a dar os remédios da forma correta, sem exagerar na dose e obedecendo o prazo de carência.

Na logística do gado, por fim, é essencial separar as vacas saudáveis das que estão doentes e em tratamento. Além das doenças serem contagiosas, isso ajuda a evitar confusões sobre quais animais devem ser ordenhados.

Uma prática que ocorre durante a ordenha, e que infelizmente é comum, é descartar só o leite que foi retirado das mamas em tratamento. O antibiótico é absorvido pelo sangue do animal, então será eliminado através das mamas saudáveis também.

É importante frisar que 500 gramas de antibiótico podem contaminar até 100 mil litros de leite. Em resumo, apenas as boas práticas em toda a cadeia produtiva são capazes de contornar este problema.

 

Como identificar a presença de antibióticos no leite?

 

Plataforma Extenso

A tecnologia é, antes de tudo, a forma ideal de melhorar a cadeia produtiva e industrial. Esta é a proposta da Plataforma Extenso: ser o futuro da análise de antibióticos e toxinas no leite.

Feita pela Unisensor, empresa belga de segurança dos alimentos, a Plataforma Extenso apresenta a melhor solução para a detecção de restos de antibióticos.

Com resultados disponíveis em até 13 minutos e permitindo testes simultâneos, a Extenso detecta mais de 90 tipos de contaminantes. Todos são divididos em 17 canais, que podem ser adquiridos de acordo com os antibióticos e toxinas que se deseja identificar.

Feita para automatizar o processo de testagem do leite, a Extenso possui:

  • Conectividade wi-fi;
  • SMS;
  • GPS;
  • Bluetooth.

Além disso, o equipamento também facilita o armazenamento e a análise dos resultados, gerando relatórios e planilhas para enriquecer o seu banco de dados.

A Plataforma Extenso conta com o próprio banho térmico e funciona em apenas quatro etapas. É o produto mais completo do mercado global para garantir um leite sem resíduos. No Brasil, é vendido apenas pela Cap-Lab.

 

Eclipse 50

Classificado como um método lento, o Eclipse 50 é um teste que se baseia na inibição do crescimento de microrganismos. Foi criado pela empresa espanhola Zeulab. Cada caixa conta com 96 testes.

São microtubos com meio de cultivo específico, acompanhados de um indicador ácido-base. Basta aplicar 50 μl da amostra a ser analisada no microtubo, e em seguida incubar a 65°C. O resultado sai em até 3h.

O Eclipse 50 não apenas identifica uma ampla gama de antibióticos, como também baseia seus resultados no limite máximo de resíduos permitido no Codex Alimentarius (2012).

 

Testes Rápidos Unisensor

A Unisensor possui um ótimo catálogo de métodos de testagem. Seus testes são rápidos e entregam resultados entre 6 a 10 minutos, com ou sem a incubação em banho térmico. Além disso, também conseguem identificar antibióticos que são usados na produção de leite em todo o mundo.

Os testes da Unisensor são em formato de tiras. Elas absorvem a amostra do leite e detectam os resíduos rapidamente. A Cap-Lab vende 13 tipos, cada um atendendo a um grupo de contaminante, entre eles:

  • Betalactâmicos;
  • Tetraciclinas;
  • Sulfonamidas;
  • Aminoglicosídeos;
  • Estreptomicinas e outros.

Caso queira ler os resultados de forma rápida e efetiva, você pode adquirir o ReadSensor. Ele interpreta as tiras de forma clara, bem como é compatível com todos os testes da Unisensor e tem impressora embutida.

 

Este post foi útil? Então dê uma olhada no site da Cap-Lab, onde você encontra mais informações e artigos para laboratório! Entre em contato com o nosso Departamento de Vendas em vendas@cap-lab.com.br.

 

Referências

SILVA, Reginara T. et al. Perfil de sensibilidade a antimicrobianos de bactérias patogênicas humanas isoladas de leite cru. Instituto de Laticínios Cândido Tostes, Juiz de Fora, MG, v. 74, n. 3, p. 185-194. 2019. Acesso em: 15 dez. 2021.

CARVALHO, Rafael N. G. et al. Detecção de resíduos de antibióticos em leite cru em fazendas de Aquidabã – Sergipe. Pubvet, Maringá, PR, v. 14, n. 5, a578, p. 1-7. 2020. Acesso em: 15 dez. 2021.

SIVIERO, Eloísa S. et al. Detecção de resíduos de antibióticos em produtos lácteos. Centro Científico Conhecer, Jandaia, GO, v. 18, n. 37, p. 1-170. 2021. Acesso em: 15 dez. 2021.

GUIMARÃES, Ana B. M. et al. Pesquisa de resíduos de antibióticos em leite in natura, pasteurizado e UHT. UNINTA, Sobral, CE, v. 1, n. 1, p. 1-14. 2019. Acesso em: 15 dez. 2021.

ZIMERMAN, Ricardo A. Uso indiscriminado de Antimicrobianos e Resistência Microbiana. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Mato Grosso do Sul, v. 1, n. 3, p. 1-11. 2010. Acesso em: 16 dez. 2021.

PIERRI, Vitória. Desequilíbrio na microbiota intestinal pode aumentar estados depressivos e de ansiedade. Ribeirão Preto, SP: Jornal da USP, 2021. Acesso em: 16 dez. 2021.

ALVIM, Mariana. Por que o uso de antibióticos na agropecuária preocupa médicos e cientistas. BBC News Brasil, São Paulo, 18 nov. 2019. Acesso em: 16 dez. 2021.

MINISTÉRIO da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Mapa implementa Programa de Vigilância da Resistência aos Antimicrobianos. Brasília, DF: Governo Federal, 2021. Acesso em: 16 dez. 2021.

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resistência antimicrobiana é ameaça global, diz OMS. Brasília, DF: Governo Federal, 2019. Acesso em: 16 dez. 2021.

CFMV – Conselho Federal de Medicina Veterinária. A resistência antimicrobiana em todos os seus aspectos é o grande desafio da atualidade. Brasília, DF: CFMV, 2020. Acesso em: 16 dez. 2021.

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